terça-feira, 9 de julho de 2019

O PRESTÍGIO QUE CHEGA NA BOCA

Eu gosto de tudo com coco. E talvez seja por isso, que o chocolate Prestígio tenha sido o meu favorito por muitos anos.
Hoje eu comprei um Prestígio, mas o chocolate brasileiro anda um tanto açucarado, o que ao meu ver, compromete o sabor. Açúcar não é sabor é adulteração de paladar.
E hoje quando comprei o Prestígio, me veio a lembrança ao modo Amelie Poulain, de pensar sobre como coisas e pessoas se conectam.
Aquele chocolate, naquele mercado. Quantas pessoas estavam envolvidas até aquele chocolate chegar em minha boca. Quantas máquinas, funcionários, embalagens, transporte, compra, venda, compra. E ali estava o meu Prestígio - numa caixa entre outros "companheiros". Entretanto, aquele Prestígio era o meu. Entre milhares de pessoas desta cidade, aquele doce foi meu. Eu quem senti o gosto, eu quem o peguei, paguei, coloquei no bolso, foi a minha disponibilidade que permitiu estarmos juntos, para o meu prazer, embora tenha achado demasiado açucarado.
E todo esse processo me remete a quantos "prestígios" do mesmo lote foram parar em outras caixas, expostos em outras gôndolas, comprados e consumidos por outras pessoas...degustados por outras bocas...
O quanto a força da indústria, da logística, do comércio, do consumo, faz cada Prestígio chegar a uma boca diferente. Não pode ser tão aleatório!
A primeira vez que me ocorreu um pensamento semelhante transmutado, eu tinha uns 20 anos, estava na zona rural de uma cidade interiorana. Comprei o Prestígio numa vendinha e fiquei a pensar "meu chocolate existe nesse fim de mundo" - mas não era tão açucarado.
E quantas pessoas são nossos prestígios? Podem surgir de tantos lugares, de inúmeras maneiras, até chegar na sua boca, nem sempre tão açucarada.

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