terça-feira, 31 de outubro de 2017

QUANDO FALARES DE AMOR

E quando falares de amor,
por favor,
não me venhas com o pio da cotovia e tampouco o leve balançar dos galhos de amoreira no zérifo matinal.
De ti dispenso os protocolos em que comparas o castanho dos meus olhos a qualquer semente amadeirada, assim como falas do meu riso torto a um certo temor juvenil.
Não te demores!
São noites de horrores sem a tua presença.
E se pareço uma ópera com árias distintas,
deves bem saber que passo do allegro ao adágio,
como o sutil toque dos segundos de um relógio.
As palavras me escapam nas divagações incertas sobre nós.
Mas ao pensar plural, se corre o risco de intromissão naquilo que o outro realmente pensa.
Ah, tu me confundes!
Contudo, nesse abismo em queda livre, me basta contemplar a paisagem,
pois dizem os sonhadores, que do outro lado do medo
há uma vida de maravilhas.
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